quarta-feira, 24 de março de 2010

Carol Garcia - A cultura do quimono e o fast-fashion

Ontem a semana "O Japão na Moda" exibiu o filme sobre o trabalho de Kakoh Moriguchi no tingimento de quimonos japoneses (A Seda Yuzen: A Arte do tingimento de Kakoh Moriguchi). O documentário de 1990 (feito pela Companhia Sakura Motion Picture) mostra todo o processo de tingimento do tradicional quimono japonês feito pelo mestre Moriguchi além esboçar brevemente a vida do artista que foi designado pelo governo japonês ao posto de Tesouro Nacional Vivo.

White Plum Tree

Dance of flowers

A seguir, a palestra de Carol Garcia (jornalista e cool-hunting) sobre o atual processo de desaceleração pelo qual a moda está passando e também sobre cultura do quimono que sobrevive a gerações no Japão.

A palestra começou com uma forte discussão sobre a Imagem. Muito legal, afinal a imagem influencia a todos nós (seja dentro da área de moda ou não); por exemplo, por causa de conceitos estabelecidos a muito tempo atrás hoje julgamos as pessoas pela sua aparência, pela sua imagem e, claro, dentro do repertório de imagens que já temos e ao que associamos. Segundo a Carol "imagem é a presença da ausência", exatamente por causa disso, temos em nossa cabeçca um repertório muito grande de imagens e associações, logo quando sentimos determinado aroma, presenciamos alguma situação ou mesmo quando vemos determinada imagem associamos sem perda de tempo a tudo que sabemos e que de alguma maneira nos remete a ela.


Com o passar do tempo, os avanços dos meios de comunicação resultaram em uma forte migração de imagens/informações por todo o planeta. Esse fato, além de refletir em nossas concepções, reflete também na moda, com a decorrente profusão de imagens/informações, as tendências vão surgindo, as necessidades aumentam e se diversificam e a moda/design acelera sua produção e criação, conferindo às pessoas novas ideias em intervalos de tempo muito curtos: são as temporadas primavera/verão e outono/inverno, o que é ideal para trajes sociais e esportivos, o cabelo da temporada, o filme, a cor, o tipo de relacionamento...! Essa velocidade começou, já a algum tempo a angustiar as pessoas, e como consequência fazendo surgir o movimento de desaceleração, ou seja, produtos com maior durabilidade, ideias mais fixas e a inclusão da experiência do consumidor - pensamento conciliado fortemente com a preocupação atual com o meio ambiente e sustentabilidade. O século XXI na moda é desaceleração + empatia = inovação.

E dentro da cultura do quimono, as gueixas. As gueixas são mulheres que desde pequenas possuem um contato intenso com a tradição milenar das artes, da sedução, da história e do 'ser mulher' - elas estudam dança, canto, caligrafia, acrobacia, conceitos arcaicos feminilidade, música, teatro, sempre com o objetivo de alcançar a perfeição. Pela forte imagem que possuem elas entraram na concepção geral das pessoas como a figura que representa os japoneses. Assim, criando parte do conceito de Japonismo que na opinião de muitos estudiosos nada mais é do que uma criação do ocidental, vide Gongourt: "O japonismo não é nada mais, nada menos do que o jeito de ver dos europeus". E o japonismo virou moda e surge outro conceito, o da Antropofagia à Moda Oriental, que o "comer"/consumir imagens, tendências, símbolos e hábitos da cultura oriental, como forma de colonizar o inventário daqueles que se interessam por ela.


Carol ainda falou do uso dos quimonos. Os quimonos, segundo suas estampas e cores, seguem as estações do ano e o momento da vida das pessoas; por exemplo no outono, onde as cores esverdeadas e arroxeadas prevalecem nos quimonos das pessoas (dentro das estações, o uso das cores está associado às cores que o Monte Fuji encorpora pelo clima); há também o uso de flores segundo a época, e as luzes do dia.






informações extras
http://www.nipocultura.com.br/
http://www.jfny.com/
http://www.nihon-kogeikai.com/
http://www.styleinvasion.com/

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